De onde viemos e para onde apontamos
Isabela Souza
— Diretora do Observatório de Favelas
Jean Carlos Azuos
— Coordenador do Programa Educativo do Galpão Bela Maré
— Diretora do Observatório de Favelas
Jean Carlos Azuos
— Coordenador do Programa Educativo do Galpão Bela Maré




















Vistas da exposição
Em 2019, em parceria com a Automatica e a Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), e patrocínio da Amil, via Lei Municipal de Incentivo à Cultura, o Observatório de Favelas inaugurou no Galpão Bela Maré um projeto gestado há muito: a Escola Livre de Artes — Elã.
No Dicionário:
elã
e·lã
sm
- Movimento impetuoso; arroubo, força, impulso: Estavam imbuídos de um elã revolucionário.
-
Entusiasmo criador; aptidão, inspiração, talento: Um desempenho de grande elã e sofisticação.
-
Vigor de ânimo; energia, entusiasmo, vivacidade: Fala em público com muito elã.
A Elã conforma em sua estrutura metodologias transformadoras com base na autonomia e propõe ao mundo, com entusiasmo e vivacidade, chances outras da formação artística ser pautada e produzida, por e a partir de outras centralidades corpóreas, subjetivas e territoriais.
Desde inaugurado, o Bela Maré dedica-se à processos artístico-pedagógicos a partir da arte contemporânea e vem marcando o Rio metropolitano a partir de movimentos que buscam contribuir com a democratização e difusão de expressões artísticas, que nos situam nos tempos sociais e políticos a partir da Maré.
A Escola surge, então, do desejo de consolidar um espaço de criação e reflexão no campo estético e político, e de fomento à produção artística na contemporaneidade, estabelecendo interlocuções, e propondo aberturas a jovens artistas das regiões periféricas da metrópole do Rio de Janeiro. Este feito conduz o nosso trabalho de forma visceral conectado com o desafio da arte ser meio de visibilizar sujeitas/os, territórios e questões periféricas e também vislumbrar estrategicamente a produção de conhecimento, novas epistemologias e outros modos de fazer.
A partir de onde olhamos, consideramos que a Elã contribuiu efetivamente com a tarefa de repensar, reimaginar, renarrar a(s) cidade(s), seus/sujeitos/as e seus conceitos, apontando para pluralidades que nos identificam com a diversidade de que somos de fato compostos/as, na reafirmação de subjetividades próprias, teorias de si e outras heranças.
Neste sentido, a escola, encerrando o ciclo de sua primeira turma, já expressa amplamente seus sentidos, mobilizando muitos desdobramentos no campo das artes, que borram fronteiras, descentralizam vozes, conceitos e criam outras cartografias, desenhando e infiltrando na arquitetura do Galpão Bela Maré – entre movimentos, nuances e fissuras – um espaço de formação enviesado por afeto, democracia, acessibilidade e inclusão, impulsionado, de modo eloquente, pelas culturas dissidentes, suas incidências e efeitos.
Este catálogo é, portanto, mais uma materialização dos potentes e inventivos encontros da primeira turma da Elã, a nossa Escola Livre de Artes, que se pretende essencialmente à construção de novas perspectivas para o ensino da arte no Brasil, suas concepções e práticas por entre acordos e dissemelhanças.
Vida longa à Elã e aos encontros que nela surgiram!