Arte e política como exercício de escolhas
Arte e política como exercício de escolhas
Natália Nichols
— Avaliação pedagógica
— Avaliação pedagógica

No campo da arte o fazer político é inevitável. Sobre isso não temos escolha. Mas, o fazer político, tal qual o fazer artístico, em si, não carregam consigo a propriedade intrínseca de transformação da realidade. Para tal é preciso fazer escolhas. A Elã é uma formação de artistas que exercita e experimenta as responsabilidades políticas de cada escolha, seja na própria estrutura pedagógica da Escola que assume seu desejo de mudança, seja na orientação dos artistas para a conscientização do impacto de seus gestos e sua presença.
Munida de uma análise crítica de seu tempo, a partir da observação do circuito artístico, seus agentes e suas recorrências, esta experiência educativa partiu da potência do encontro de seu território com os sujeitos diversos que integram a Escola. Foi o atravessamento destes corpos e suas histórias, que transbordam as narrativas hegemônicas da arte e da cultura, situados neste local, que nos convoca à permanente descentralização de nosso pensamento e nossas referências, que promoveu a formação dos 25 artistas, da Escola e de seus educadores.
A prática de nomear as coisas do mundo foi o disparador para o exercício crítico de tomar pé das disputas conceituais que rodeiam o campo da arte e da cultura, ora esgarçando espaços e definições estabelecidas, ora inaugurando frentes e posturas próprias, ora fortalecendo ações e concepções invisibilizadas, sempre com atenção inegociável para a mudança. A soma das trajetórias e práticas artísticas de cada participante às experiências, estratégias e referências compartilhadas nas aulas pelos educadores construíram nesta breve experiência uma rede de enfrentamento aos velhos valores estabelecidos que já não contemplam as produções de sentido deste coletivo formado pela Escola.
A construção minuciosa do comum por meio de metodologias e debates inclusivos com escuta ativa e profunda valorização dos sujeitos impulsionou na turma a crença no nós e no novo. A Elã é uma escola ciente que a arte é feita por pessoas e para pessoas, e se o desejo é de disrupção desta realidade que insiste em excluir estes corpos, é o investimento nestes sujeitos como agentes protagonistas desta transformação que apontará um outro possível. Vida longa à Elã!